sexta-feira, março 02, 2007 

Ponto de situação

Camaradas, um grande bem haja a todos!!

O silêncio de rádio é finalmente quebrado. Primeiro as minhas desculpas, tenho estado em silêncio de rádio por motivos de força maior. Não tem sido simples e os ultimos meses foram atribulados. Não é fácil ser um célula adormecida principalmente quando se sofre de insónia crónica.

A minha posição foi comprometida e as autoridades andaram por perto muitas e boas vezes. Tem sido horrível. Vi-me obrigado a ser pastor no Alentejo durante uns meses e camionista numa rota de França durante outros tantos. Horas e horas numa estrada mas digo-vos, dormir num TIR até nem é chato, o pior são as curvas. Conseguir telefonar para a Praça da Alegria sem que o telefone esteja ocupado também é lixado, mas um gajo habitua-se.

Tem sido trágico. Da última vez que me cercaram tinha certo que os meus dias chegariam ao fim. Um batalhão inteiro da polícia de intervenção encurralou-me numa habitação e ameaçaram fazer-me sair com gás lacrimogéneo. Como já não tinham mais gás, os sacanas juntaram-se e representaram uma peça baseada num pequeno excerto da Floribela.

Foi de ir ás lágrimas, camaradas!

Há que ser sincero e fazer justiça ao guarda roupa que até estava bastante bom e um dos sargentos até fazia um papel credível, mas tirando isso foi deprimente. (Se me estiveres a ler SGT Antunes, continua homem que tens jeito para isso, descarta-te mas é desses penduras. Tu vais longe.)

Fui fugindo. E fugi, fugi como pude. As autoridades portuguesas são tramadas e pressionam imenso. A certa altura tive de recorrer a meios degradantes e a técnicas apuradas de escapismo. Digo-vos, tive de virar a esquina e apanhar um táxi, que já faziam mais de 15 minutos e ainda não tinha passado o autocarro e os bofias já estavam mesmo mesmo quase a acabar o intervalo de almoço. Eu donde estava consegui vê-los a pedir o café e o digestivo, e um deles já se preparava para ir aos lavabos.

Consegui apanhar um ferry para Marrocos e acabei por dar a volta ao mundo. Vi coisas bonitas, coisas que os meus olhos habitados a horror nunca sonhariam ver. Tive num sítio a que chamam de centro comercial e durante uns tempos trabalhei a dobrar camisas numa loja de grande retalho.

Mas os sacanas descobriam-me sempre. Alistei-me na marinha, foi uma experiência boa, mas no segundo dia enjoei do mar e sai da marinha.

Acabei por naufragar numa ilha que ao principio achava que era deserta. Mas até que tinha mais gente por lá e durante uns tempos a comunidade acolheu-me. Tive um trabalho honesto e davam-me dormida e comida. Em troca apenas tinha de pôr uns numeros num computador de tantos em tantos minutos. 4 8 15 16 23 42 - 4 8 15 16 23 42 - 4 8 15 16 23 42 - 4 8 15 16 23 42.

Para ser sincero aquilo era uma treta, nunca fui muito bom em trabalho de escritório. Um dia, por estar a jogar o PACMAN esqueci-me dos numeros e houve um terramoto e a ilha ficou com umas cores estranhas. A malta chateou-se comigo, dizem que por causa disso tinha caído um avião. Balelas!

Por causa disso não acabei o nível, essa é que é essa.

Sabem camaradas, é porque eles não entendem o PACMAN.

O PACMAN é um tipo que passa a vida a tomar comprimidos e a ser perseguido por fantasmas. Eu cá sei o que ele passa. Identifico-me raios! Aquilo para mim é um simulador de vida. Chamam-lhe "cenas de putos". Bah! Disseram-me que era iresponsável, infantil e imaturo. Eu não tava para aquelas merdas. Imaturo?! Eu?! Bah! Irritou-me aquela treta. Peguei no triciclo e fugi. Só voltei atrás para ir a casa de banho lavar os dentes e buscar o meu ursinho. Depois bati a porta com força e pedalei como o caraças.

Agora, finalmente estou em caminho de regresso à minha pátria ... até breve camaradas, até muito breve ...

quinta-feira, março 01, 2007 

o grande combate esta e chegar