sexta-feira, fevereiro 06, 2009 

SYMPATHY FOR THE DEVIL


Passo a apresentar-me: O meu pai deu uma boa dose de porrada à minha mãe quando soube que ela estava grávida, o meu avô outra dose deu ao meu Pai, quando soube o que ele andava a fazer à sua filha, dizendo para ela: “Tu vais ter de te casar com aquele diabo!”. Alcunha que me ficou logo marcada, pois ainda ouvi muitas vezes o meu pai dizer: “se não tivesses engravidado deste diabo eu podia ter-me casado com a vizinha do 7ºC e hoje era empresário, tinha o café central”.
Enquanto o diabo esfrega o olho, lá nasci na Cova da Moura, aquilo lá é dos diabos! Fui para a escola e estudei que me fartei para conseguir passar para a 4ª classe, não aprendi lá grande coisa e comecei a achar que a escola era um inferno. Tive de dar uns valentes socos na Dona Alzira para ela me deixar ir para a secundária ao que ela suplicava: “Vai-te diabo!”. Fiz tropa e tornei-me, um mancebo dos diabos, atirava chumbo em tudo o que via. Fiquei lá Zarolho, chamavam-me: “O diabo do zarolho, que sem querer atirou num oficial”

Hoje chego a casa e foge tudo de mim como o diabo foge da cruz, ainda vivo na Cova da Moura, beco do inferno, na mesma casa onde nasci, mas com os meus pais, sogra, os meus filhos e os filhos deles, moramos numas boas águas-furtadas T2 se contarmos com a casa de banho, se bem que os meus netos passam pouco tempo cá, estão sempre de férias, devem ganhar bem numa profissão chamada “gamanço” pois muitas vezes escrevem-me de um país chamado Custóias, são uns diabretes aqueles rapazes.