As coisas que tenho visto – III
Ah Camaradas! Finalmente o Natal dos Hospitais!!! Como gosto destes programas de entretenimento! Ainda me lembro quando estava no hospital militar devido a uma granada mal amanhada que o sargento Antunes tinha na mesa dos pistachos.
Primeiro pegam nos pobres coitados e colocam-nos em frente a um palco, onde vai passar um desfile de cantores românticos, coitados nem tempo têm de vestir roupa decente, vão logo de pijama para o pessoal ter mais pena. Aquilo parece a festa do pijama! Depois põem os mais paralíticos à frente pois aí sabem que esses não fogem. Lá para meio do programa e ainda não saltou para o palco o senhor Marco Paulo e os coitados já choram (pudera se eu lá estivesse também chorava e gritava “Tirem-me daqui!”). O desfile de música ligeira ainda vai no adro e já estão os acamados a tentar tirar o soro à força e as enfermeiras velhas de chinela ortopédica a esbofetearem os pobres para acalma-los e poderem ouvir o Toy sem interferências.
Para o “Le Grand Final” temos o Tony Carrera. Aí o hospital vai ao rubro de tanta excitação; os que estão agarrados à máquina batem a bota pois com tanto grito e palmas e cantos em coro ninguém dá pelo sinal monótono Biiiiiiiiiiiip; ás velhas dá-lhes o sulipanço de finalmente verem ao vivo o seu cantor estimado -“Eu bem pedi para ser internada nesta altura!”.
Primeiro pegam nos pobres coitados e colocam-nos em frente a um palco, onde vai passar um desfile de cantores românticos, coitados nem tempo têm de vestir roupa decente, vão logo de pijama para o pessoal ter mais pena. Aquilo parece a festa do pijama! Depois põem os mais paralíticos à frente pois aí sabem que esses não fogem. Lá para meio do programa e ainda não saltou para o palco o senhor Marco Paulo e os coitados já choram (pudera se eu lá estivesse também chorava e gritava “Tirem-me daqui!”). O desfile de música ligeira ainda vai no adro e já estão os acamados a tentar tirar o soro à força e as enfermeiras velhas de chinela ortopédica a esbofetearem os pobres para acalma-los e poderem ouvir o Toy sem interferências.
Para o “Le Grand Final” temos o Tony Carrera. Aí o hospital vai ao rubro de tanta excitação; os que estão agarrados à máquina batem a bota pois com tanto grito e palmas e cantos em coro ninguém dá pelo sinal monótono Biiiiiiiiiiiip; ás velhas dá-lhes o sulipanço de finalmente verem ao vivo o seu cantor estimado -“Eu bem pedi para ser internada nesta altura!”.
Será que os organizadores destas festas pensam que o pessoal doente tem todo mau gosto musical?! Já estão doentes, isso não chega? E o Natal das prisões? Coitados Já estão presos, para quê tortura-los? Mais vale as torturas de Guantanamo! E Cuidado, com tanta música romântica é preciso redobrar a vigilância nos duches!
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